Nessa passada segunda-feira, a WWE apresentou a última RAW do ano de 2015. Se pudesse escolher uma palavra que melhor descrevesse o fatídico ano de 2015 na empresa, seria: Inconstância.  


 Sim, inconstância. Pois, a mesma WWE que nos apresenta um show do mais alto calibre hoje, amanhã e nas semanas seguintes apresenta um show de uma qualidade desprezível, e ficamos a se perguntar se são os mesmos gajos que estão a escrever estes roteiros. Os anos passam, mas a WWE ainda está presa na era do “O” e não do “OS”. O que não é problema algum, é bem verdade. Mas quando você trabalha em prol de um e acaba por esquecer os demais. Aí sim é um problema. Não adianta trabalhar demais num plano A sem ter em mente um plano B. 


Algo que marcou negativamente a WWE nesse ano de 2015 foram sem dúvidas as lesões.  Foi algo que atrapalhou bastante na qualidade do produto, mas convenhamos, é bem verdade que isso não é desculpa ou pretexto para a má qualidade no booking ou para a preguiça criativa. 


As lesões só nos revelaram o que todos já sabiam. Falta credibilidade nos nomes da WWE, do início ao fim, do mid-card ao main event. 


Enquanto muito tempo gastam investindo num determinado lutador a sua maneira desajeitada de ser, e que quase nunca resulta de maneira positiva, os demais ficam estacionados. Na verdade, ninguém avança para canto algum. Pois a WWE é horrível em lançar alguém de acordo com suas vontades, vide esse último segmento envolvendo o Vince, Stephanie e Roman Reigns, em que nenhum saiu valorizado e nem seu deu a entender o motivo daquela palhaçada toda. Ao final de tudo, é apenas mais uma tentativa forçada que se repetirá quantas vezes possíveis... 



Daniel Bryan é um outro caso que serve de exemplo. Quando este tornou-se campeão Intercontinental, a WWE junto aos fãs depositara suas fichas de que junto ao John Cena como United States Champion, estes dois trariam de volta o prestígio aos títulos secundários que há muito havia sido perdido. 



A verdade é que novamente a WWE perdeu-se por não ter planejado um plano B. Daniel Bryan novamente veio a sofrer com múltiplas lesões pouco tempo depois de se tornar campeão, tendo assim de abdicar do seu título. Ryback foi o seguinte campeão e mesmo tendo total apoio dos fãs e bastante potencial, este foi totalmente ignorado pela WWE. Ryback passou semanas a enfrentar nomes descredibilizados como Big Show e The Miz.  Para azar do destino, Ryback também conviveu com uma lesão, e mesmo que não tenha precisado se afastar por muitas semanas das programações, isso afetou seu reinado. 


 Com o United States Championship nas mãos do John Cena vimos situações distintas. Quer dizer, Cena continuou a ser o mesmo homem de ferro que sempre foi, e até irritante é verdade, mas isso faz parte de sua marca e é algo que talvez já se acostumamos e até sentimos falta. A diferença é que John Cena mostrou algo novo durante seu reinado que, sinceramente, ninguém esperava. A intensidade e novas manobras encantavam a quem assistira, mesmo sendo o básico para muitos. Cena sempre foi um bom storyteller, mas entediante ao ringue. Foi bom ver que agora, quando ninguém dele esperava, como campeão de um título secundário após todo nome construído ao longo dos últimos 10 anos, este foi capaz de trazer novidades ao mesmo tempo em que apresentou novas caras e ressuscitou velhos conhecidos no que se tornou famoso em seus semanais “Open Challenges”. 




 Até aí tudo bem, a questão é que John Cena sempre foi e sempre será bem retratado pela WWE, e ao contrário dos demais, ele não é de sofrer com lesões. Mas quando este precisou se ausentar por motivos particulares, simplesmente o paraíso se transformou numa verdadeira desilusão. No caso deste, porque a WWE simplesmente não se importa com um plano B. Porque somente o Cena é especial? Talvez sim... ao menos para a WWE.


Ao mesmo tempo que John Cena crescia, os demais do canto saiam. Quer dizer, eles só tinham destaque se fosse para estar ao lado de John Cena. Neville realizou um belíssimo combate com Cena, onde talvez recebeu a maior liberdade desde que chegou ao main roster, mas nas semanas seguintes foi totalmente apagado e até mesmo ofuscado por uma estrela de Hollywood. Kevin Owens que protagonizou a melhor rivalidade do ano com Cena não sofreu tantos danos, mas é verdade que após o fim dessa rivalidade, ele já não era o mesmo que há meses antes havia sido apresentado no main roster. Porque já havia utilizado de sua credibilidade para beneficiar o Cena. Nas semanas seguintes Owens continuou a ser dominante a sua maneira, mas já era tratado como qualquer outro vilão do main roster. Um falador e fujão (mais fujão do que falador, porque ele recebe pouco tempo de microfone). 


O grande diferencial de Owens para os demais, é que os mínimos detalhes na personagem deste fazem uma enorme diferença a sua credibilidade. É nesses momentos mesmo que se têm de mostrar valor. Por exemplo, Owens até mesmo já estava a fazer parte daquela seleta lista de wrestlers que compõem os famosos “lumberjacks” que ficam envolto ao ringue nesse tipo de estipulação, mas sendo totalmente fiel a sua personalidade, por muitas vezes ele sequer se importava com o combate ou porque ali estava enquanto os demais se digladiavam à toa. 




Quando mais tarde Kevin Owens tornou-se Intercontinental Champion, a figura não me fugiu muito do que foi Ryback meses antes. Muita aposta dos fãs para pouca vontade da WWE. E quando já estava a me animar, lá vai ele perdendo para o Dean Ambrose... o Ambrose é outro que foi bastante inconstante nesse ano, mas não diria que foi de todo descredibilizado, porque se tem algo que a WWE nunca deu mostras é de que vai enterrar (odeio esse termo) o Ambrose. Este apenas passou mais tempo envolvido a brigas de “família” com o Roman Reigns do que em rivalidades próprias, e acabou por terminar o ano de 2015 de uma maneira bem diferente do que terminou em 2014. Ouvindo quase as mesmas críticas sobre limitações que o Reigns constantemente é alvo. É justo, suas lutas foram muito básicas e ele pouco falou ao microfone nesse ano. 




Del Rio que regressou derrotando John Cena e conquistando o United States Championship após ficar ausente por muito tempo, prometia em imenso. A verdade é que este não apresentou muita coisa. Juntou-se ao Zeb Colter e formou a união entre o México e Estados Unidos: A MexAmerica. Tosco, não? Ainda bem que durou pouco. Ou não, já que mais tarde Del Rio veio a se aliar aos League of Nations. 


Os League of Nations que por acaso era composto por nomes incríveis, foi outra enorme desilusão. Rusev, Barrett, Del Rio, New Day (por um breve período de tempo) e o ex-campeão principal, Sheamus, formavam o que poderia ser um ar fresco de vilania na companhia que possui poucos nomes credíveis após a lesão do Seth Rollins. Ainda mais sendo que o Sheamus em tese, era aliado a The Authority. Poderia ser uma junção de poder sem limites, mas o “poderia” sempre morre no papel para a WWE...  



Apesar de animado quando vi tantos bons nomes juntos numa stable só, logo liguei as fichas que eles teriam o mesmo destino que Braun Strowman ou ao menos o mesmo sentido, já que esse último citado ainda não perdeu um combate. Qual seria esse destino/sentido? Ora bolas, simples, se Roman Reigns sozinho conseguiu derrubar o Strowman, porque não haveria de derrotar todos esses nomes? Sim, mais uma vez a WWE formou algo com o único propósito de beneficiar um único homem, mesmo tendo a chance de ouro para trazer algo novo.


Sheamus foi um dos piores detentores da MITB briefcase, mas porque mais uma vez a empresa não se importou em um plano B. Sheamus nunca esteve nos planos, ou se uma vez esteve, era só mais uma escolha baseada no “Porque sim”, já que os fãs não aturavam a cara do Roman Reigns. Ou talvez não, pois também é de considerar que Sheamus foi um péssimo Mr.MITB porque essa era a intenção. Porque se ele viesse a ser campeão, os fãs iriam ter que sair de cima do muro e torcer para o Reigns. Resumindo, novamente tudo em prol de um único gajo. 


A WWE anunciou que Sheamus irá enfrentar Lesnar em um Live Event, o que é uma Dream Match para muitos, inclusive para mim, mas hoje, esse combate não tem peso algum ou sequer suscita minha ansiedade como noutros tempos. Para todos, Sheamus vs Lesnar deveria ser uma verdadeira guerra, vide o porte físico dos dois, mas convenhamos, com a credibilidade atual do Sheamus ele não teria tratamento diferente de um membro dos New Day frente ao Lesnar, e mesmo com o apoio de sua equipe, acabará por ser derrotado, mesmo que por Desqualificação. 


Para terem noção do quão ruim foi o booking da WWE, até mesmo a quem eles desejam investir sofre com os erros da equipe criativa, ou do Vince mesmo, já que ele não é de escutar ninguém e tudo é feito de acordo unicamente com seu bem querer. Roman Reigns é o escolhido a dedo para ser a próxima grande face da companhia, mas mesmo tendo o apoio de todos internamente, a maneira desajeitada que a WWE o apresentou não ajudou em nada. Vince acredita que todos heróis devem ter a mesma personalidade, e isso levou Reigns ao buraco. Na RAW dessa semana mais uma vez podemos ver que mesmo desejando investir no Reigns, eles não sabem como. Pela milésima vez trouxeram a polícia a TV para prender um dos McMahon's, algo que se repete de seis em seis meses... No final, foi apenas mais uma palhaçada que ocupou 15 minutos da programação da RAW. Ninguém ganhou com aquilo, nem mesmo o Reigns que era quem deveria ser o foco. Ao fim de tudo, ele só termina o dia como terminou outro... recebendo críticas por novamente estar envolvido em angles forçados. 





Mas também estaria a ser hipócrita se dissesse que nada se salvou nesse ano. Os New Day são o puro reflexo de que às vezes, a WWE pode sim acertar. Muitos, inclusive eu, não entendiam a WWE quando mesmo sob fortes críticas, continuavam a investir nos New Day. Claro, para o sucesso primeiro foi necessário que eles viessem a fracassar como faces. Mas cair e levantar é um dos primeiros ensinamentos que a vida nos dá não é mesmo?  


    Assim termino mais uma edição do Panama Sunrise e o último deste ano. Desejo a todos um ótimo feliz ano novo e espero os ver em breve. 

                                               Perguntas da semana:


                      - O que acharam do ano de 2015 para a WWE?

                      -  O que esperam de diferente no próximo ano?